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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Diálogos


Estavam conversando havia duas horas já. Depois de tantos assuntos discutidos, sentidos, vivenciados e até polemizados, veio aquele silêncio estranhamente constrangedor e tímido. Estranho para a evolução da conversa que conseguiram.
-Sabe, eu queria te falar algo...
-Sim...
-Faz tempo que isso acomete minha mente e...
-Sim?
-Na verdade acomete meu coração, sabe...
-Ai.
- O quê?!
- Nada, continua.
-Bem, não sei como dizer isso eu... sei lá. Te admiro muito.
-Ah, eu também te admiro bastante.
-Sim, mas é mais que isso, sabe. Algo mais intenso. Algo que me enerva, me enlouquece só de pensar em você. Eu... sim, eu amo você. Pronto, falei.

Leve rubor acomete os dois rostos cujos olhares se encaravam momentos antes mas que agora fitam o chão de cimento da praça.

-...
-Eu entenderei se você não souber o que dizer. Deve ter sido muito de repente. Ah, também vou entender se isso não lhe agradar, se você precisar se afastar. Posso esperar qualquer tipo de resposta sua, mas só de poder ter te falado isso já me sinto mais leve e...

Parou de falar porque havia alguns dedos pálidos em sua boca.

- O q..?
-Shhh!
-...

Mais rubor.

-Você fala demais!
-Mas eu...
-E se distrai muito facilmente. Será que não deu pra perceber ou, pelo menos, hipotetizar que eu poderia  sentir algo similar por você?
-E eu tenho essa sorte? (Bufou)
-Sim, você tem.

Ergueram os olhos, brilhantes, e se encararam, se encontraram. Um leve sorriso surgiu de um lado. Um olhar pro alto e risadas, um tanto quanto envolventes, do outro. Riram. Estavam aparentemente sós; apenas algumas pessoas corriam ao longe, naquele fim de tarde. O crepúsculo e a as primeiras estrelas já garantiam a iluminação perfeita para a quela conversa. Ainda sorrindo, em silêncio, se aproximaram mais e seus lábios se uniram. Durante algum tempo ficaram ali, juntos, sem pensar nada, apenas sentindo. Se separaram e os sorrisos ainda enfeitavam seus rostos.

-Então essa que é a felicidade?
-Eu acho que sim.
-Nossa. Eu e meu medo infantil.

Riram mais um pouco e experimentaram mais o que descobriram ser, provavelmente, a felicidade...


                  Rafael Victor

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Um e único

"Você tem estado na minha mente e a cada dia eu gosto mais disso. Me perco no tempo só pensando em seu rosto. Só Deus sabe por que demorou tanto tempo para eu deixar minhas dúvidas irem embora. Você é a única pessoa que eu quero.

Não sei por que estou assustado. Eu já estive aqui antes. Cada sentimento, cada palavra, eu imaginei tudo isso. Você nunca saberá se nunca tentar perdoar seu passado e simplesmente ser mine...

Eu te desafio a me deixar ser seu, seu único. Prometo que valho a pena ser abraçado em seus braços. Então, venha e me dê uma chance de provar que eu sou aquele que pode trilhar esse caminho, até que o fim comece...

Se eu tenho estado em sua mente você se prende em cada palavra que digo. Você se perde no tempo na simples menção ao meu nome. Será que um dia eu saberei como é ficar bem perto de você e ter você me dizendo que irá comigo aonde eu for?

Eu sei que não é fácil desistir do seu coração. 
Ninguém é perfeito. Acredite, eu aprendi.

Eu não sei porque estou com medo..."


One and Only -  Adele (Modificado)




terça-feira, 4 de setembro de 2012

Desejos de um palhaço jovem

Quero ir ao encontro do ser humano e ter como consequência o riso.
Quero encher copos com minha garrafa cheia.
Quero, do meu jeito simples, apaixonado e um tanto atrapalhado (ou desesperado), mostrar a superioridade do outro.
Quero rir de minhas próprias "desgraças".
Quero gargalhar com cabeças em minha barriga.
Quero jogar com os melhores companheiros do mundo. E cair mil vezes no mesmo truque que eles fizerem.
Quero ter nas mãos o mágico bastão que me dá o poder da palavra e as torna muito mais coloridas e brilhantes.
Quero escrever tudo o que sinto e vivencio num certo caderninho amarelo.
Quero me jogar de cabeça, apaixonado, intensamente em tudo que fizer, dando tudo ao jogo.
Não quero deixar a bola cair, mas só quero passá-la ao meu companheiro quando ele estiver realmente pronto para receber.
Quero encontrar os seres humanos nos olhares, me conectar através deles e passar a bolinha na "surdina". Ou fazer uma saudação calorosa e, quando errar, rir junto com a exposição de nossas "esquisitisses" numa dancinha bem humorada.
Quero fazer parte de um sincício, de um corpo só e ainda assim não deixar de ser eu.
Quero receber de braços abertos o que e quem vier, cheios de surpresas e sentir intensamente tudo, mesmo que não consiga me expressar em palavras ou explicar para os mais curiosos.
Quero voar pelo mundo, conhecer sábios e lugares inimagináveis.
Quero viajar no tempo, conhecendo bufões, sátiros, pierrots, colombinas e, por que não, alerquins?
Quero cair no país da leveza, das maravilhas, das cores, da simplicidade e dos principezinhos. Ir para a terra do Dom Gentileza e de seus Clowns.
Quero vestir um sorriso junto com um nariz vermelho e distribuir abraços por aí.
Quero tudo isso e muito mais porque acredito muito e acredito junto. Com toda a minha paixão e toda minha Verdade.

Quero colocar meu nariz vermelho como norte do meu olhar. E quero que meus olhos, como espelhos de m'alma, mostrem ao mundo tudo o que guardo em mim e encontrem a dor para transformá-la em alegria. Alegria sincera, verdadeira...



Rafael Victor

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um Vestido negro, uma rosa vermelha...

O cavalheiro chegou naquela casa incomum e sentou-se numa mesa qualquer, junto com alguns conhecidos. Alguns risos, conversas altas e outras tantas rodadas de absinto, tudo preparando-os para a noite tão esperada. As cortesãs riam, dançavam e se insinuavam para os rapazes, homens e velhos que frequentavam aquela casa, mas nenhuma delas conseguia sequer prender a atenção do cavalheiro. Ele sabia porque estava ali, e não era por causa de qualquer cortesã. Era por causa dela, a estrela da noite, o anjo noturno que há muito frequentava seus sonhos e até o salvava de alguns pesadelos. Esperava ansiosamente pelo momento que divisaria seu olhar e, enquanto fazia isso, até se divertia com alguns gracejos pertinentes de algumas cortesãs. Logo, logo, elas se retiraram e as luzes se apagaram. 


O show ia começar. Uma suave luz vermelha se acendeu no pequeno palco e as cortesãs logo apareceram a dançar em círculo. Pareciam estar escondendo algo. Quando se abaixaram ao término de sua coreografia, ela surgiu no centro, a estrela noturna que todos esperavam, inclusive o cavalheiro. Encantava a tudo e a todos. Na penumbra, seus olhos castanho-avermelhados acendiam-se como em chamas. Sua pele, levemente morena, refletia a luz vermelha do local. Seus cabelos negros e encaracolados caiam por sobre suas costas nuas. Vinha com um espartilho vermelho ornamentado com cordões de ouro, privilegiando seu farto busto. Por baixo, um belo vestido negro, que possuía uma grande fenda lateral que destacava suas pernadas torneadas. No pescoço e nas orelhas, trazia rubis finamente lapidados. Trazia um olhar oblíquo, como o de um felino e nos lábios, um sorriso faceiro e maroto.  Seus movimentos eram acompanhados em câmera lenta por todos os presentes, sobretudo pelo cavalheiro. Em seguida começou seu número de música e dança. 


O cavalheiro assistia tudo com afinco. Em meio a todo o entretenimento e à alta concentração alcoólica que se concentrava em seu cérebro nem percebeu o tempo passar. Todas as luzes ainda ofuscavam sua vista quando se viu sozinho na mesa em que estava com os conhecidos, no meio do salão escuro, com alguns funcionários limpando o chão e recolhendo algumas taças sujas. Ao longe, ainda se ouvia alguns risos abafados de cortesãs que atendiam a seus clientes em recintos mais reservados. Ainda um pouco tonto, observou um arranjo de rosas brancas e notou uma rosa vermelha no centro. Logo se lembrou daquela bela senhora que se apresentara mais cedo naquela noite. Arrancando de supetão a rosa vermelha, foi rapidamente para os aposentos daquela rara rosa. 


Chegou a frente da grossa porta de madeira. Respirou profundamente e bateu três vezes com o nó dos dedos. Impaciente, abriu logo a porta. Encantou-se com a visão que teve. Lá estava ela, de costas para a porta e de frente para seu espelho, retirando o espartilho. Já não usava as jóias, e ao lado de seus pentes e outros objetos femininos, o cavalheiro pensou ter visto o brilho prateado de uma tesoura. Ela virou-se calmamente quando percebeu sua presença pelo reflexo do espelho. Ao olhar a feição jovem, pálida e assustada do cavalheiro, desabrochou aquele sorriso faceiro e maroto, porém sincero. O cavalheiro não sabia se aquilo o acalmou ou o deixou ainda mais nervoso. 


"Não, isso não está acontecendo comigo", pensou, "não pode ter amor, não pode ter sequer paixão!"
-Pois não?
- V-você não sai de minha cabeça.
Ela aumentou ainda mais o sorriso. Levantou-se de sua poltrona e foi até ele, com todo aquele seu andar sensual. Ele logo lhe ofereceu a rosa, que ela enganchou em alguns anéis de seus cabelos. Em algum lugar no salão, lá embaixo, os músicos pareciam ensaiar alguma música. Sorrindo, a dama da noite o segurou pela mão e, se aproximando de seu ouvido, sussurrou:
-Vamos dançar!


Desceram rapidamente. Os músicos animados começaram uns acordes que logo se revelaram num bem marcado tango. E ali, no escuro, o casal começou a dançar. Os dois, cavalheiro do dia e dama da noite, se entregaram àquela dança como jamais fizeram. Ele, com aquele amor ardente que ele alimentava e tentava abafar no coração. Ela, que, mesmo sendo experiente, parecia sentir o amor do rapaz e pelo rapaz, amando e sendo amada, verdadeiramente, pela vez primeira em toda a sua vida dedicada ao mundo noturno. Aquele amor que nascia em seu coração parecia uma luz que aquecia seu frio interior e apagava todo o seu passado. E tudo tão de repente... Talvez estivesse escrito nas estrelas. Maktub, ela já ouvira algo assim.


"Puro, esse amor.", pensou.


Aproveitaram bem cada momento do tango bem marcado que dançavam. Até que o cavalheiro se afastou dela, e a música silenciou.
-Não, isso não está certo. Eu não posso sentir isso por você, porque jamais serei correspondido...
-Espere..!
-Muito obrigado pela dança, pela noite, mas eu não posso mais, sinto muito...
Dizendo isso lágrimas brotaram de seus olhos.
-Por Favor, espere...
Lágrimas também surgiram nos olhos da Dama.
-Não, não posso ficar. Não quero ser iludido, já li histórias assim, e o destino nunca é bom. Eu...
-ESPERE!
Com o grito da dama, o cavalheiro virou-se, olhos esbugalhados. Viu as lágrimas em seus olhos e soube que algo mais estava acontecendo.
-Eu nunca senti isso que estou sentindo por você - disse ela -  E você queria tomar isso de mim?
-Eu apenas pensei que... eu...
-Eu te amo - sussurrou a dama, as lágrimas escorrendo pelos olhos.
-Eu também te amo...
 Estavam muito afastados para seres que diziam que se amavam. Deram alguns passos lentos até correrem, um em direção ao outro, para a união de seus lábios. A rosa vermelha caiu lentamente dos cabelos da dama.    Seu vestido negro também caiu ali mesmo, do lado da rosa.
-Sabia que você nunca saiu de meus sonhos? - perguntou o cavalheiro
-Sabia que era você que eu visitar nas noites solitárias. - respondeu a dama, entre um sorriso tipicamente seu.
E ali mesmo se uniram, num só coração, num só corpo...






Rafael Victor

terça-feira, 3 de julho de 2012

Mais uma de Amor

Há muito escutei o que não devia ter parado para escutar: Aguentei firmemente as ladainhas de homens, reis, mendigos, poetas, bardos, cavaleiros, bobos... falarem sobre como era amar. Todas aquelas pessoas queriam se valer de minha juventude e teimavam em tentar me ensinar a amar. E eu, perdido em minha pouca idade, nada podia entender: ora me convenciam das maravilhas que o amor proporcionaria para aqueles que mergulhassem de cabeça na sua correnteza, ora me aterrorizavam com todo o sofrimento e dor que eu poderia sentir, se eu teimasse em sentir quando o amor me ignorasse.

Eu ouvia, ouvia e sorria das loucuras daqueles velhos que pareciam se deliciar ao expor tantas experiências que aparentemente marcaram sua míseras vidas. Ria com uma soberbia ingênua, crente na minha possível imunidade contra tantos bens e tantos males. E meio às festas de cantorias amorosas dos velhos, vi de relance e voltei meu olhar para enxergar melhor. Lá estava ela, a imaculada donzela, seus cabelos vermelhos como o fogo voando ao vento em contraste com sua tez alva e pura e com a seda esmeralda do vestido bem marcado em seu corpo jovem. Com aquela visão meus olhos  se esbugalharam e meu queixo caiu. Meu coração bateu mais forte e ficou difícil de respirar. Experiente que estava, teoricamente, nesses assuntos de amor, percebi, graças às tantas lições dos meus velhos amigos velhos de cantigas, que esses sintomas eram de uma paixão ardente que nascia à primeira vista.

De repente me vi vivenciando todos os louros, fantasias, dores e sensações típicas do amor e de que há algum tempo atrás eu ria. Virei cantor, poeta, rei, mendigo, cavaleiro, bobo... Virei velho e voltei a ser novo, tudo internamente, tudo numa explosão de sentimentos. Fui à corte, me fiz conhecido, tornei-me cavaleiro; com um lenço de minha amada guardado sob minha camisa, lutei em guerras ferrenhas para conquistar seu amor. Cantei meu amor, a fim de ganhar o seu em troca. E depois de algum tempo, para combustão instantânea de todos os meus átomos, nossos lábios se uniram num calor ardente de um beijo proibido e rápido. Ali estavam todas as maravilhas do amor.

Mas também sofri. Outro cavaleiro passava na minha frente, roubava minha donzela. Sofri, meu coração doeu. Mas depois inflamou-se e desafiei-o para um duelo. Armas brancas, noite sem luar. Ali seria decidido o destino de meu amor por minha donzela. Espadas tiniram, uma contra a outra; a de meu desafiante atravessou meu ombro direito; a minha atravessou seu peito esquerdo. Eu tinha certeza que o que dera forças para vencer o duelo foi a chama daquele sentimento fortíssimo dentro de mim. Fatalmente machucado, com o ferimento sugando todas as minhas forças vitais, fui atrás de minha donzela, uma última vez.

Encontrei-a absorta em suas atividades. Ao me ver, ferido, pálido, morrendo, veio ao meu encontro, com os olhos cheios de lágrimas, colocando suas mãos puras sobre meu ferimento, tentando estancar o sangramento num desespero típico de uma pessoa amada. Seu toque só fez a ferida doer mais ainda e cai, enfraquecido no chão. Ela se jogou sobre mim, chorando. Eu já sentia a vida se desprender de mim. Tive a impressão de ver alguns anjos ao redor da minha querida. Reuni todas as forças que ainda tinha e beijei-a, como nunca havia feito e aquele beijo sim, me trouxe de volta. O sangue parecia voltar para dentro de mim e os tecidos se uniram novamente, formando uma leve cicatriz que aos poucos sumiu. De fato havia anjos ao seu redor, que aos poucos alçaram voo entoando seus cantos celestiais. Senti-me mais forte, senti-me vivo. O amor salvou-me da morte. Então olhei no castanho profundo dos olhos de minha donzela, enxuguei suas lágrimas e rimos, juntos, de tudo o que ocorrera. O amor nos salvou e, mais do que nunca nos uniu. Agora era só recomeçar...


Rafael Victor

Sobre Escrever... Rafael Victor

Não quero contar vantagens. Não quero contar mentiras. Não quero escrever besteiras.

Só quero contar histórias. Reais ou imaginárias, que nada mais são que outro tipo de realidade. Quero tocar corações, quero estimular mentes, quer escrever de verdade, para pessoas de verdade. Quero escrever sentimentos, viver o que escrevo, contar o que sinto. Porque eu sou tudo isso aí. Sou o que sou e o que quero ser. Sou que penso, o que sinto. Sou o que falo, o que escrevo. E também sou o que creio...


Rafael Victor

Sumiço

Sumiu.
Simplesmente tornou-se invisível.
Como diriam os populares, "Escafedeu".
"Morreu?" perguntariam os outros, quando o vissem de volta.
Precisava daquele tempo, sozinho.
Os outros jamais poderiam entender.
Parecia ser um desejo recorrente, e até de conhecimento de alguns, mas era tudo o que queria: Esquecer.
Esquecer só um pouco, só por um tempo.
Esquecer (Temporariamente) tudo e todos.
Desaparecer.
Descansar.
Pensar.
E, quem sabe, meditar.

Mas tudo por pouquíssimo tempo.
Algo chamado apego não deixava ele ficar muito longe do mundo que conhecera.
Nem para prolongar o tempo que passava no seu próprio mundo interior.

Mas no momento em que estava só, de olhos fechados, respirou fundo e viu sua vida passar diante de seus olhos, como um filme.
Esboçou um leve sorriso e decidiu que era hora de voltar.


Rafael Victor

domingo, 1 de julho de 2012

Mar, Chuva e Lágrimas

Saiu correndo de casa e foi até a praia. Chegando lá, em frente ao mar, aquela imensidão azul que o sempre confortava, quis chorar, mas as lágrimas não quiseram cair. Sentiu aquele cheiro salgado, ouviu o som das ondas bravias batendo na areia, sentiu levemente o calor do sol poente enquanto fechava os olhos, querendo esquecer de tudo. A brisa suave empurrou seu rosto e seu corpo e ele se jogou na brisa, caindo deitado na areia. E foi de tudo o que ele precisava. Ficou ali, imóvel, ainda ouvindo o som da água, que desde criança ajudava-o a relaxar. Sentia também o pinicar da areia em todo o seu corpo, irradiando ainda o calor de um dia inteiro de sol forte. E ali ele se sentiu confortável demais para se mover.

Só havia um motivo para ele ter chegado tão apressado àquela praia deserta, naquele cantinho secreto que ele sempre ia: queria esquecer, não queria sentir, simplesmente isso. Esperava que toda aquela energia natural o reintegrasse ao jeito que ele estava acostumado a ser. E que pelo menos uma lágrima escorresse pelo seu rosto, para assim aliviar dores de sua mente, de seu coração.

Mas ele simplesmente não podia. Não conseguia chorar. E muito menos se esquecer. Pelo menos era isso que ele queria. Queria não, precisava. Mas não podia. E agora ele se arrependia de todas as decisões que havia feito antes de toda essa situação que solitariamente e, praticamente voluntariamente.

Sim, logo ele, que havia decidido não sentir mais, agora sentia. Escolheu, há algum tempo, não sentir certos sentimentos, e, até certo ponto, havia conseguido. Negou alguns desses sentimentos o quanto pode, mas agora não podia. E para continuar a lista de "mas" e "poréns", agora também não havia mais tempo. Só sobrara o sofrimento.

Muitas cenas permeavam sua mente agora. Ali, deitado na areia, em frente aquele mar maravilhoso, com o céu agora tingido de um azul quase escuro caracterizando o crepúsculo, seu coração queria se arrepender de todas as impertinências de sua mente. Mente essa que controlou tanto o que o coração sentia que hoje só restou o sofrimento.

E em meio a tantos dilemas, as ondas foram ficando ainda mais bravias, as nuvens foram cerrando o céu, tornando-o ainda mais escuro, e um trovão ribombou na distância: uma tempestade se formava. E logo, logo, a chuva torrencial começou, ensopando o garoto ali deitado, lavando até sua alma. Agora sim, ele conseguiu chorar. Chorou, junto com a natureza. E a água que surgiu de seus olhos se uniu com aquela água que surgia dos céus e acabaram por limpar seu coração e sua mente.

Então, mesmo com todo o peso da água dificultando, ele se levantou. Olhou para o mar, enxugou as lágrimas (figurativamente, apenas). "Não, eu não sou assim!", pensou, "Não é algo tão pequeno assim que irá me derrubar...". Então a chuva parou, o mar se acalmou, as nuvens se dissiparam, deixando à mostra um céu azul marinho bastante escuro permeado de estrelas. Ao longe, só se via o leve contorno da lua nova, tornando a noite ainda mais escuro. E ali, em meio a escuridão, o garoto riu, gargalhou, balançando a cabeça. Bateu na roupa para tirar a areia (que naquela altura já havia virado lama!), olhou novamente pro mar, aquele seu amigo que sempre lhe ajudava, olhou para o céu e para algumas estrelas em particular, que lhe lembravam de momentos em particular também e mais uma vez sorriu. Depois se tocou o quanto era tarde e como o tempo havia passado de maneira imperceptível. E do mesmo jeito apressado que chegou, foi embora, agora rindo, às gargalhadas, um pouco insano, talvez...


Rafael Victor

sábado, 30 de junho de 2012

A história de um Palhaço triste

O palhaço chegou no camarim e sentou-se na frente do espelho. Arrancou violentamente o nariz vermelho, rompendo o elástico que o prendia em sua cabeça. Inspirou profundamente e expirou rapidamente, bufando, enquanto sua coluna ficava ainda mais encurvada. Pouco a pouco, levantou a cabeça e voltou o seu olhar para o espelho. E ali encarou aquele rosto maquiado, cheio de tintas coloridas até que olhou no fundo dos seus próprios olhos. E percebeu como eles se transformaram, com o passar do tempo, num oceano de tristeza e amarguras. Mirando aquele oceano, parou um pouco para pensar.


Tinha vindo de um show incrível, cheio de risadas e alegria. O palhaço, com sua maquiagem colorida e engraçada fazia a todo momento galhofa de si mesmo, zonava com suas próprias desgraças. E ali, no picadeiro ou no palco, ele se realizava ao ouvir os risos e aplausos do público que sempre lotavam a platéia de suas apresentações. Entre jovens, adultos, velhos e crianças, todos se divertiam com suas, literalmente, palhaçadas.


E agora ele estava ali, no camarim improvisado do seu velho trailer, cheio de roupas coloridas, perucas e potes de tintas para o rosto. Havia também uma caixa onde ele guardava seus narizes redondos, das mais variadas cores. Ainda ouvia os aplausos e risadas em sua cabeça quando percebeu uma gota d'água manchando a tinta azul que estava ao redor de seus olhos. Sim, ele estava chorando, porque por trás de seu sorriso, escondida em suas palhaçadas estava sua tristeza.


Sim, ele estava cansado de toda aquela vida. Ele amava tudo aquilo que fazia, mas estava cansado de ser sempre o desgraçado, de ser sempre o motivo de riso dos outros e nunca, nunca sorrir sinceramente. Afinal, ele também era um ser humano.  Mas ele só vivia como palhaço. Sua vida como ser humano não era grande coisa. Sozinho, isolado da sociedade, ele buscava um refúgio ao rir de suas próprias desgraças.


Seu relógio digital apitou. Era uma hora da manhã. Mais uma madrugada solitária na sua vida de palhaçadas. Mais um dia silencioso que se iniciava após uma noite barulhenta. Em meio aos ecos das gargalhadas e das músicas circenses, dormia longe a distância uma lembrança dele, de sua infância, uma época feliz. Uma época em que ele ria de verdade, fosse de suas próprias desventuras ou de qualquer coisa banal que tivesse graça suficiente para enlarguecer seu sorriso. E recordando, mais lágrimas irromperam de seus olhos, manchando ainda mais sua maquiagem, que naquela noite estava ainda mais elaborada.


Então ele percebeu que, se ele erá capaz de levar o sorriso às outras pessoas, ele poderia encontrar um meio de sorrir também. E que só ele poderia fazer isso. Se tocou que a felicidade pode existir, assim como na sua infância longínqua, e que é preciso ir atrás dela ao invés de esperar que ela caia do céu. E que o primeiro passo para sorrir quando se está chorando é enxugar as lágrimas.


Então, de supetão, passou o dorso das mãos nos olhos para enxugar as lágrimas, sujando-as todas. Com isso, caiu tinta em seus olhos, ardendo profundamente e ele achou aquilo muito engraçado, deixando soar uma gostosa gargalhada. Pegou uma bacia d'água que jazia perto de sua mesa e lavou o rosto. Após enxugar-se com uma toalha branca, olhou-se novamente no espelho e conseguiu reconhecer aquele garotinho de outrora nos traços de sua face. Arrancou seu macacão de bolinhas coloridas, vestiu um paletó antigo sobre uma camiseta branca, uma calça jeans, colocou um chapéu coco na cabeça, pegou um guarda chuva e, antes de sair do trailer, virou-se para o interior dele, olhou todo o seu camarim improvisado, com todas aquelas cores, figurinos e objetos engraçados que o acompanharam em tantas palhaçadas. Com a mão sobre o interruptor, olhou tudo aquilo e, um pouco emocionado, deu um último suspiro e apagou as luzes fechou a porta e foi para o mundo. Alegre e saltitante, em busca da tão sonhada felicidade. Mas ele não tinha pressa, tinha todo o tempo do mundo e, na verdade, estava mais interessado no que essa jornada reservava para ele.


Só que ele não sabia, naquele momento, que a felicidade dele já existia, e estava logo ali, dentro de seu coração...







Rafael Victor

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Vento no Litoral

De tarde quero descansar; chegar naquela praia e ver se o vento ainda está forte e vai ser bom subir nas pedras. Sei que faço isso pra esquecer... Eu deixo a onda me acertar e o vento vai levando tudo embora. Agora está tão longe... Ver a linha do horizonte me distrai: dos nossos planos é que eu tenho mais saudade, quando olhávamos juntos na mesma direção... Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim?

Agimos certo sem querer, foi só o tempo que errou. Vai ser difícil sem você porque você está comigo o tempo todo. Quando vejo o mar existe algo que diz: que a vida continua e se entregar é uma bobagem. Já que você não está aqui o que posso fazer é cuidar de mim. Quero ser feliz ao menos! Lembra que o plano era ficarmos bem?


Ei! Olha só o que eu achei! Cavalos Marinhos!!

Sei que faço isso pra esquecer, eu deixo a onda me acertar...




Renato Manfredini Júnior





Desabafo: Isso ou Aquilo

Não. Já disse que não preciso saber disso ou daquilo pra ser algo mais do que já sou. Não preciso e nem quero. Não quero falar disso ou daquilo pra fulano ou beltrano pra provar nada pra ninguém. Não, já disse que não! Não preciso viver correndo atrás disso ou daquilo e não chegar a lugar nenhum, ou até chegar, porém sem encontrar nenhum significado relevante para mim. Não quero conhecer isso ou aquilo só para me gabar ou para ser admirado ou, ainda, para ser reconhecido como alguma coisa por "alguéns" que não são nada. Quantas vezes vou ter que gritar que NÃO!! Não quero, não posso, não tenho jeito! Não quero viver de aparência ou fingir isso ou aquilo quando eu não estou realmente sentindo. Não quero fazer isso ou aquilo obrigado, só porque é necessário que eu demonstre uma imagem aceitável para um conceito de pessoa completamente obtuso que permeia a mente dos fulanos e sicranos que a gente encontra em cada esquina. Não quero servir de palhaço e muito menos de alvo para todos os disparos de palavras ásperas, olhares ridículos e pensamentos tortos que alguns direcionam sem nenhum pudor. Não, não vim aqui pra isso! Também não quero, nem preciso, ser forçado a falar isso ou aquilo que eu não quero, e que isso soe estranho e grosseiro saindo de minha boca, só pra fazer alguns calarem a boca.

O que eu quero realmente é ser feliz. Viver intensamente a vida que me foi outorgada me livrando de todo o sofrimento possível. Quero estar rodeado de pessoas verdadeiramente pessoas e que sabem conviver com pessoas como pessoas. Quero amar, e ser amado em troca. Não quero fazer sofrer, bem como não quero sofrer. Quero correr atrás do que realmente importa e não atrás do que outros acham relevante. Quero ter a alma leve a ponto de sentir meu corpo flutuando. Quero, e preciso, rir, gargalhar ao menos um sexto do dia. Chorar? às vezes faz bem, mas de preferência que seja de tanto rir! Quero descobrir, aprender, saber tudo o que eu quiser e ter isso só pra mim e pra utilidades que eu achar para esse conhecimento. Quero proteger e ser protegido. Quero beijar e ser beijado. Quero abraçar e quero um abraço, forte, apertado, que aqueça minha alma e que alivie minha dor. Enfim, quero ser eu , e somente eu. E como já disse no passado, eu sou o que sou e o quero ser; não sou isso ou aquilo; sou o que falo, o que penso, o que sei, o que sinto, o que vivo, o que escrevo...



Rafael Victor

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Além do Arco-Íris

Naquele dia, eu estava caminhando, lentamente, de cabeça baixa, como na maioria dos dias. Não estava apressado; meus passos eram curtos e num ritmo lento, e minha cabeça pendia cheia de pensamentos. Alguma parte de minha consciência conseguia perceber e assimilar as informações do ambiente que formava meu caminho: alguns poucos matos molhados, outras tantas poças de lama, tudo indicava a chuva que havia caído naquela madrugada antes da manhã quente e ensolarada de maio em que me encontrava. E foi assim, absorto em divinações e especulações acerca da vida cotidiana que cruzei uma de tantas poças d'água e que, em cuja água tinha refletida a estonteante luz do sol. Esse reflexo atingiu meus olhos como pequenas flechas, e meio perdido, fui obrigado a parar de andar e levantar a cabeça enquanto me recuperava daquele ofuscamento. E, enquanto minha limitada visão se recuperava, pude avistar o belo, o grande arco-íris que se formava no céu naquela manhã. Por alguns instantes fiquei fascinado com aquele atualmente raro fenômeno. Porém, lembrando de certas lendas e histórias de conhecimento popular e alimentando uma esperança de teor bastante infantil, decidir ir até ele, até seu final. Se fosse verdade o que ouvi, no fim dele poderia ter algum tesouro, algo capaz de mudar uma vida. E era justamente disso que eu precisava, uma mudança. Enquanto pensava, corria, sorrindo, chorando, escorregando, caindo, levantando,me despindo todo o falso pudor próprio da hostilidade do mundo adulto. E, como num sonho, consegui chegar ao fim do arco-íris. E como eu previra, mas quisera enganar a mim mesmo, não havia nada lá. Apenas um desaparecimento do feixe de luz que formava tal fenômeno. E eu, ofegante e suado, sujo de lama e folhas de grama, quis despencar ali mesmo. Talvez uma de minhas últimas esperanças tivesse sido destruída por um simples lampejo de ingenuidade. Meus joelhos já tremiam e dobravam levemente para cair no chão com todo meu peso sobre eles quando vi, do outro lado do arco-íris, o meu tesouro. Vi você, também suada, também ofegante, também ingenuamente atrás de um sonho infantil. Atrás de algo que pudesse mudar sua vida. E ao olhar para você e lhe ver na mesma situação patética que eu não pude fazer mais nada além de sorrir; e você também sorriu. E por um curtíssimo minuto, ficamos ali, nos olhando e rindo de nossas próprias leseiras, de nossas próprias infantilidades. Então nos movemos, sincronicamente, em direção um do outro. E  quanto mais chegávamos perto, o arco-íris ia sumindo lentamente, até ficarmos frente a frente, nossos rostos quase encostados, sentindo a respiração, ouvindo os batimentos cardíacos. E ao sumir completamente o Arco luminoso sobre o sol, nossas vidas se transformaram, permanentemente. 




Rafael Victor

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Se o Passado é Indiferente,  ou acrescenta alguma coisa, o que importa? Existe um elo invisível que nos liga, acima da compreensão, impossível defini-lo ou submetê-lo a qualquer lei dos homens."

Príncipe Wladimir



O Príncipe Desencantado - José Américo de Lima


Algumas Poucas palavras podem dizer tudo o que está em nosso coração.

Dedico a Thuanny Maryna

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A morte de uma pequena flor

Em uma de suas inúmeras metáforas, a vida se parece com um imenso jardim, onde as pessoas surgem como flores das mais variadas espécies, com suas variadas cores, pétalas, aromas, espinhos... Algumas mais bonitas e coloridas, outras mais singelas e com cores mais apagadinhas. E as intempéries do mundo se apresentam na forma de alegorias bem comuns como o sol, a chuva, o vento, os animais. E, todos os dias, as flores desabrocham, se abrem para a vida, exalando todas as suas moléculas que liberam aromas que perfumam o ar para que outros seres possam admirar e se sentir atraídos por elas. Assim segue o balé diário das flores, algumas amadurecendo, perdendo suas pétalas e até se transformando em frutos, outras permanecendo flores, lindas, maravilhosas, até que chega o dia, ou a época, que suas pétalas devem murchar, seu talo, quebrar e assim cair por terra, servindo de fonte de nutrição para outras belas florzinhas que virão para cumprir seu papel em embelezar e perfumar o dia. Mas uma coisa muito triste de se ver é uma florzinha, recém desabrochada, com muito perfume para exalar ainda, murchar, perder suas pétalas, e cair no chão, desfalecida. E foi o que divisei no jardim da vida alguns dias atrás: uma jovem rosa, que repentinamente murchou e caiu sobre a terra, evanescendo toda a sua beleza e cor. Recém desabrochada, a rosinha deixou para trás várias outras florzinhas suas amigas, entre elas azaleias, margaridas, lírios e cravos, todas chorando lágrimas de seiva e de saudade pela jovem Rosa. Mas a Rosa cumpriu seu papel. Murchou, sim. Mas antes trouxe muita alegria, muita cor e vida para o lugar em que vivia. Exalava um perfume raro e talvez essa seja a razão das lágrimas das outras florzinhas.

A pequena Rosa murchou, suas pétalas caíram e voaram para longe. Seu aroma não é mais exalado. As outras florzinhas já se recuperam, mas jamais esqueceram a Rosinha, com a certeza que um dia irão se reencontrar, provavelmente, na forma de outras rosas, lírios, margaridas, orquídeas, cravos, azaleias...


Rafael Victor

Pensamentos

Pensamentos que me afligem
Sentimentos que me dizem
Dos motivos escondidos
Na razão de estar aqui

As Perguntas que me faço
São levadas ao espaço
E de lá eu tenho todas as respostas que eu pedi

Quem me dera que as pessoas que se encontram
Se abraçassem como velhos conhecidos
Descobrissem que se amam e se unissem
Na verdade dos amigos

E no topo do universo uma bandeira
Estaria no infinito iluminada
Pela força desse amor, luz verdadeira
Dessa paz tão desejada.

Pensamentos que me afligem
Sentimentos que me dizem
Dos motivos escondidos
Na razão de estar aqui

E eu penso nas razões da existência
Contemplando a Natureza desse mundo
Onde às vezes aparentes coincidências
Têm motivos mais profundos

E se as cores se misturam pelos campos
É que flores diferentes vivem juntas
E a voz dos ventos na canção de Deus
Responde todas as perguntas.

Pensamentos, Sentimentos...





  Roberto Carlos/ Erasmo Carlos









Alguém como você

Ouvi dizer que você se estabilizou, achou alguém e se casou. Ouvi dizer que todos os seus sonhos se realizaram... Acho que essa pessoa lhe deu coisas que eu não pude te dar...
Velha amiga, por que está tão tímida? Você não é de se anular ou se esconder da luz...
E então você sabe como o tempo voa; Ainda ontem foi o momento de nossas vidas! Nós nascemos e crescemos numa neblina de verão, unidos pela surpresa dos nossos dias de glória
Eu odeio aparecer do nada sem ser convidado, mas eu não pude ficar longe, não pude evitar. Eu tive a esperança que você visse o meu rosto e se lembrasse que pra mim não acabou.

Esquece, eu vou encontrar alguém como você. Não desejo nada além do melhor para vocês também. Mas não me esqueça, eu imploro, pois eu vou me lembrar de você dizendo: "Algumas vezes o amor dura, mas algumas vezes, ele apenas machuca"
Nada se compara, nenhuma preocupação ou cuidado, arrependimentos e erros, tudo é feito de memórias...
Quem poderia ter imaginado o gosto amargo que tudo isso teria?

Someone Like You - Adele (modificado)

A uma amiga

Essa noite, novamente, sonhei com você. Sabe quando a gente tem esses sonhos bons, com as pessoas que a gente ama e que são tão bons que a gente reza pra ser real? Pois é, o sonho que eu tive essa noite se encaixa direitinho nessa definição. E eu queria que esse sonho fosse real porque você estava nele, comigo, ao meu lado. Mas aí, o sol nasceu, e descobri que você não está mais aqui ...

Acordei e quase chorei quando vi que foi tudo um sonho. Mas aí meu pensamento voou até você, onde quer que esteja, e eu pude me lembrar dos momentos que vivemos juntos, naquela época. E o engraçado é que tudo passou tão rápido que se pareceu muito com esse sonho.

Repentinamente, você entrou em minha vida, eu entrei na sua. Naquele momento nenhum de nós poderia prever a amizade que nasceria entre nós. E assim seguiu, entre uma conversa e outra, nos aproximamos mais e a amizade foi inevitável. Ah, as nossas conversar, eu realmente sinto falta delas; as horas passavam com uma velocidade extraordinária que nós nem notávamos...
Porém vieram os problemas, que separam-nos. E você sumiu pela primeira vez. Sem explicação. E eu tive que dar um jeito de sobreviver, pra esperar você voltar. E muito tempo depois você voltou, e minha alegria, restaurada. E assim podemos estender um pouco mais nossa convivência, com algumas boas conversas, alguns sorrisos e alguns olhares no horizonte.

Mas antes que eu pudesse perceber, você foi embora novamente. Sem explicação, sumiu de minha vida. Quis me desesperar, mas mantive a calma: isso já acontecera outra vez, e você voltara! Era só uma questão de tempo para você voltar novamente!
E o tempo passou. Passou o dobro de tempo da outra vez. E você não voltou. Eu esperei, e você não voltou. Não sei por que, mas desapareceu. Mas eu sei que você ainda está por aí; pelo menos ainda está aqui, no meu coração. E não importa o que aconteça sempre me lembrarei de você, e das nossas conversas, e do tempo que passamos juntos.

No momento, quero que você fique bem, minha amiga. Pois no momento certo eu sei que vamos nos reencontrar e vou poder te abraçar novamente, sentir seu cheiro, olhar nos seus olhos, ouvir sua voz.
Mas até lá...

Rafael Victor


Dedicado a Rafaella Portela






segunda-feira, 2 de abril de 2012

Voltando

Sim, eu costumava parar aqui e escrever. E escrevendo eu estava em meu mundo, voando agarrado nas palavras, vivenciando cada pensamento, exalando cada sentimento. E assim o tempo escoava pelas horas e viajando em meu mundo particular eu estava feliz, ou triste... Mas de repente o lápis caiu; a folha de papel voou; e ao me levantar para buscá-los encontrei um mundo, externo, brilhante que muito me atraiu. Abandonei meu lápis, esqueci minha folha de papel e me dirigi à luz.

Conheci um outro mundo, um mundo estranho, muito diferente do meu. Mas a diferença não é um defeito e logo me acostumei com ele. Até gostei dele. Sorri, sincero. E o tempo fluiu, correu, muito mais rápido. Repentinamente, me vi inserido num turbilhão de acontecimentos dos mais variados gêneros. E lá, no meio da agitação lembrei do papel, do lápis, das canetas. Porém aquelas foram só lembranças, não houve como retomar.

Mas hoje é diferente. Hoje, de fato hoje, resolvi pegar o papel novamente, segurar com firmeza o lápis e recomeçar a escrever, voltar a atividade, me refugiar um pouco no meu próprio mundo de vez em quando. Exteriorizar alguns de meus pensamentos e minhas inspirações. Que eu possa ser eu, em toda a minha integridade...



Rafael Victor