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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Diálogos


Estavam conversando havia duas horas já. Depois de tantos assuntos discutidos, sentidos, vivenciados e até polemizados, veio aquele silêncio estranhamente constrangedor e tímido. Estranho para a evolução da conversa que conseguiram.
-Sabe, eu queria te falar algo...
-Sim...
-Faz tempo que isso acomete minha mente e...
-Sim?
-Na verdade acomete meu coração, sabe...
-Ai.
- O quê?!
- Nada, continua.
-Bem, não sei como dizer isso eu... sei lá. Te admiro muito.
-Ah, eu também te admiro bastante.
-Sim, mas é mais que isso, sabe. Algo mais intenso. Algo que me enerva, me enlouquece só de pensar em você. Eu... sim, eu amo você. Pronto, falei.

Leve rubor acomete os dois rostos cujos olhares se encaravam momentos antes mas que agora fitam o chão de cimento da praça.

-...
-Eu entenderei se você não souber o que dizer. Deve ter sido muito de repente. Ah, também vou entender se isso não lhe agradar, se você precisar se afastar. Posso esperar qualquer tipo de resposta sua, mas só de poder ter te falado isso já me sinto mais leve e...

Parou de falar porque havia alguns dedos pálidos em sua boca.

- O q..?
-Shhh!
-...

Mais rubor.

-Você fala demais!
-Mas eu...
-E se distrai muito facilmente. Será que não deu pra perceber ou, pelo menos, hipotetizar que eu poderia  sentir algo similar por você?
-E eu tenho essa sorte? (Bufou)
-Sim, você tem.

Ergueram os olhos, brilhantes, e se encararam, se encontraram. Um leve sorriso surgiu de um lado. Um olhar pro alto e risadas, um tanto quanto envolventes, do outro. Riram. Estavam aparentemente sós; apenas algumas pessoas corriam ao longe, naquele fim de tarde. O crepúsculo e a as primeiras estrelas já garantiam a iluminação perfeita para a quela conversa. Ainda sorrindo, em silêncio, se aproximaram mais e seus lábios se uniram. Durante algum tempo ficaram ali, juntos, sem pensar nada, apenas sentindo. Se separaram e os sorrisos ainda enfeitavam seus rostos.

-Então essa que é a felicidade?
-Eu acho que sim.
-Nossa. Eu e meu medo infantil.

Riram mais um pouco e experimentaram mais o que descobriram ser, provavelmente, a felicidade...


                  Rafael Victor

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