Páginas

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ósculo

Bendito és tu por selardes entre os humanos os mais belos sentimentos
Bendito também és por falardes, sem palavras, o que jamais conseguiria compor uma simples explicação o pensamento
Bendito és, por serdes carícia, carinho, ação, atitude.

Porém Maldito és, por limitardes coisas tão grandiosas a simbologias tão mesquinhas quanto somente tu.
Maldito também és por selardes, por vezes, traições, vinganças e outras tantas mazelas.
Maldito és, por serdes, talvez, sujo, imundo, podre.

Porém sem ti não viveríamos
Sem ti nada diríamos ou sentiríamos
Sem ti, jamais amaríamos.

Que sejas sagrado, que sejas profano,
Que sejas usado e abusado,
Distribuído sem escrúpulos ou cuidadosamente selecionado;
Mas, que sejas, antes de tudo, amado.





                                                                                   Rafael Victor

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Inquietudes e Brainstorms - Questionamentos aleatórios

E se houvesse certezas nas mentes humanas, seria a vida mais fácil? Frente a tantas dúvidas, incertezas e inseguranças, me deparo com esse questionamento a me latejar na cabeça. Quando inúmeros fatores externos passam a influir e contribuir diretamente nessas dúvidas, o desespero pelo desconhecimento da verdade parece a ponto de vaporizar a massa encefálica interna a meu protuberante crânio.

E, por que saber a verdade? Porque talvez assim seja mais fácil. Mais fácil como? Não teria o homem mais incertezas, quanto mais certezas tivesse? Não teria assim consciência de muitas outras mentiras quanto mais verdades soubesse? E seriam as provas terrenas apresentadas suficientes para atestar uma suposta verdade, "com certeza"?Mas o que é verdade? O que é mentira? Que explicação há para a existência da consciência? E, por fim, não seria a ignorância uma zona de segurança, altamente confortável e auto-conservativa? A resposta é: não sei. Mas, trocentos mil questionamentos dessa natureza podem, vez ou outra, permear minha consciência.

E, sim, não encontro paz nas teorias bem formuladas daqueles outros que, como eu, exalaram suas inquietudes na forma de questionamentos aparentemente sem sentido (e provavelmente sem sentido, verdadeiramente). Ah, a Paz. Essa eu encontrei numa crença desinteressada em complexas e plausíveis explicações acerca do todo que nos cerca: a fé. A paz, creio ser o que realmente importa nessa que chamamos de vida, e mesmo que a fé não nos venha acalmar todas as inquietudes, devido a uma possível falta de explicações que nossas mentes atrasadamente materiais teimam em atestar, ela nos proporciona essa paz, a verdadeira felicidade. E não é pra isso que todos vivemos? Para buscar a tão sonhada felicidade? Acredito ser essa um estado apenas, e a paz, paz de deitar, de sonhar, de sorrir de verdade, nos proporciona uma felicidade pura, leve, quase efêmera. E assim nosso caminho vai sendo seguido, buscando-se a paz, para se flutuar pelo destino.

Rafael Victor

domingo, 7 de julho de 2013

Quereres escritos, quereres descritos, devaneios...

Querer escrever. Querer viver. Querer se libertar. São tantos quereres. Quereres limitantes. Quereres não concretizados. Querer, mais que tudo. Querer, mais que não querer. Mas será querer poder? O querer poder ser mais um dentre tantos quereres? Não, querer não é poder. Sim, querer poder é só mais um querer. Pra te provar que querer não é poder, bastas ler o meu querer aqui descrito. Quis escrever sobre os quereres, escrevi. Mas antes disso, quis que você gostasse dos quereres, mas isso aparenta estar tão longe de ser atingido porque nem mesmo eu, autor da epifania dos quereres, gostei de vê-los escritos por minhas mãos e descritos pela minha consciência quase perdida, quase querida.

Rafael Victor




terça-feira, 2 de abril de 2013

Força de Vontade

Talvez sinta agora uma forte tendência à auto-ajuda. Mas eu simplesmente possa estar apenas divulgando próprios sentimentos, próprias experiências. Ou não.

Perseveres. Sempre. Vai atrás do que vale a pena. Do que te faz feliz. Do que acreditas. Vive a exacerbação de Serotonina e endorfina realizando aquilo que não conseguirias se não houveste insistido.

Entretanto, nunca te esqueças: apenas tu sabes o que te faz bem. Apenas tu sabes o que, para ti, é prioridade. Então, traça esse norte e segues, sempre perseverando. Mesmo que tuas pernas doam ou vacilem. Mesmo que te abata a covardia ou o medo do desconhecido. Mesmo que o suor escorra em tua testa, fazendo arder teus olhos. Mesmo que tentem te impedir, ou te convencer a seguir no caminho oposto.

 Mas lembra-te da verdade. Lembra-te de assumir aquilo que fizeres, sem enganar a ti mesmo. E, no final, sentirás prazer.


Rafael Victor

quarta-feira, 27 de março de 2013

Consciência Atemporal

Não sou de esquecer fatos facilmente;
Não risco poemas desgastados,
Não rasgo fotos amareladas,
Não queimo cartas antigas
ou vendo livros usados.

Guardo tudo num cofre bem lacrado
Todo esse meu relicário do passado.

Porém vivo para o futuro, olhos para o horizonte
Anseio em inovar e corro para frente
Tudo sem tirar os pés do presente.

Tudo aderido a uma força que mantenha:
Minha consciência no Hoje,
Minha Lembrança no Passado,
Minha Lógica para o Futuro.

Memória adormecida, em puro devaneio intinerante
Coração presente, no presente. Mas não somente.
Também ali, ou acolá, aqui, noutro lugar.

Pés no Chão, Cabeça nas Nuvens
Mãos Tateantes, Pernas Vacilantes
Estômago vazio, Pulmões Eufóricos
Corpo Dividido, Espírito Disseminado...

Consciência Atemporal...


Rafael Victor

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sonhos

Sonho em ser
Sonho em fazer
Sonho em viver
Mas também em quando morrer.

Sonho em amar
Sonho em realizar
Sonho em celebrar
E também em terminar

Sonho, logo existo
Existo, logo sonho.
Sonho para conseguir
Sonho para resistir.

Sonho com a felicidade
Sonho com a pureza da amizade
Sonho, em cada canto da cidade.

Sonho com outros mundos,
Sonho com outras vidas,
Sonho com outros sonhos.

E de mim, isso ninguém tirará
Mesmo que as circunstâncias queiram me parar,
Pois minha força, minha vida, daí provirá
Para que um dia, mesmo que seja em um sonho,
Eu consiga (para longe) voar.

Rafael Victor

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sorria,

mesmo que a vida, a cada dia que passa, torne cada vez mais difícil manter um sorriso estampado no rosto...
Talvez assim fique mais fácil.

Rafael Victor

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Utopia Infantil (não morre tão facilmente)

(...) Sim, Chorou. Mas entre um soluço e outro enxugou as lágrimas. Pisou o pé, cruzou os braços, virou o rosto. Não iria crescer. Se recusava a isso. E assim foi. Mesmo que tivesse que viver sempre na contramão. Mesmo que se opusesse ao ritmo do tempo. Mesmo que se ferisse ao sofrer atrito com sua própria biologia, teimando em arrastá-lo para o outro lado. E ninguém jamais tiraria isso dele. Essa alegria saltitante, essa ingenuidade infante, e até uma certa manha chorante. E com um sorriso estampado no rosto, um olhar brilhante, e uma alegria contagiante, foi, caminhando, contra a correnteza...

                                                                               
Rafael Victor

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Frente a frente

Estava esperando há algum tempo naquela sala cinzenta. Parecia uma sala de interrogatório: paredes de concreto, uma mesa, duas cadeiras (uma em cada ponta da mesa), um botão aqui, outro ali, uma porta atrás da cadeira dele, duas portas do outro lado da sala, nenhuma janela. A iluminação era bem razoável, permitindo ver todos esses detalhes da sala. Mas não era possível ver nenhuma lâmpada...
Lá não estava frio, muito menos calor. Mas ele começou a suar. E a tremer.

Do nada começou a pensar em sua vida. O que havia feito, o que havia sentido. "Será que fiz algo de bom? Mas o que é bom? Será o certo? Mas, o que é certo? E o errado? Sinceramente, não sei." Continuava a suar. Agora olhava para todos os cantos, nervoso. Até que a porta atrás dele se abriu e ela entrou. Aquela misteriosa mulher encapuzada que o trouxera até ali. Ela entrou, passou a mão no ombro dele e se dirigiu para o outro lado da sala. Baixou o capuz, tirou a capa, revelando um belo e decotado vestido preto. Sua tez pálida, porém macia, seus olhos escuros (pareciam roxos), seu nariz arrebitado, seu busto farto, tudo chamou, surpreendentemente, a atenção dele. Se não estivesse numa situação tão complexa teria olhado-a com olhos um pouco mais audaciosos.

Ela pendurou a capa nas costas das cadeiras. Soltou os longos e ondulados cabelos, brincando um pouco com eles, suspirou e puxou a cadeira. Sentou-se elegantemente. Suas mãos quase transparentes, dedos finos estampando os mais finos anéis e a coloração azulada das unhas, postas sobre a mesa, seus olhos, misteriosos, postos, vidrados no rosto dele. Sua expressão era indecifrável. Poderia estar sorrindo, ou poderia estar reprovando-o. E isso o deixava ainda mais nervoso.

No seu olhar parecia rondar um pouco de curiosidade. Ele, tremendo, começou a rever, mentalmente, toda sua vida. Será que tinha sido mau? Sim, admitia que sofrera sua explosões algumas vezes. Noutras, implodiu, abafando seus sentimentos mais revoltados. Mas sempre, sempre tentou fazer o que acreditava ser certo. E, provavelmente, conseguiu, mesmo que só um pouco. Talvez até tivesse tido seus orgulhos, suas intolerâncias,mas conseguiu o perdão, e perdoou também. Lembrou-se dos sorrisos(e risos, e gargalhadas) que provocou, dos abraços que distribuiu, dos beijos que lançou. Lembrou-se de como se sentia bem ao praticamente se anular ao ajudar quem quer que lhe pedisse ajuda. Lembrou-se de como se sentira culpado quando não conseguiu fazê-lo. Aliviou-se ao recordar que não provocara muitas lágrimas. Lembrou-se de amar todos que o rodeavam igualmente, sendo criticado por isso. Mas agora estava em dúvida. Naquele  momento, naquela sala, naquela presença. Nada parecia mais fazer sentido. Ele parecia estar divisando um destino imutável e inexorável. Deixava transparecer seu desespero.

-Qual o meu destino?

A senhora sorriu.

-O que você acha?

-Não sei o que achar. Tenho medo do que pensar. No momento tenho a sensação de estar esperando por algo irrefutável, sem volta.

-Shh. Você não sabe o que está falando. Do lugar para onde você vai há volta. De todos os lugares nesse universo há volta. Todos têm direito a ir e vir. Todos têm direito a mudar. Todos têm uma segunda chance.

-Então eu terei uma segunda chance?

-Não sei. Não sou eu quem pode lhe dizer. Isso só depende de você. Depois que eu sair, você escolherá uma dessas portas aqui atrás.- Se levantando - Agora, se me der licença, tenho muitos outros e outras para atend...

-Espera!

-...

-Eu tenho uma última pergunta! O que é certo?

-...

-Qual é a verdade?

Ela esboçou um leve sorriso. Pegou sua capa, vestiu-a. Andou lentamente até atrás da cadeira dele. O coração dele mimetizava o ribombar dos trovões de uma furiosa tempestade. Ela colocou o capuz, abaixou-se para perto de sua cabeça e sussurrou em seu ouvido direito:

-Você ainda não sabe?

E saiu.


                                                              Rafael Victor

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Em busca da felicidade

"Certa vez decidi procurar a felicidade. Sai numa jornada épica, vivendo cada coisa com o olhar atento, focando no meu objetivo. E quando estava mais desenganado de meu sucesso, me dei conta que eu estava rodeado de felicidade. Verdadeiros tesouros em todos os cantos que olhava. 

Encontrei a felicidade no riso sincero. Encontrei a felicidade na gargalhada despreocupada. Encontrei a felicidade na alegria infantil e na mais avançada idade também. Encontrei-a no olhar inocente das crianças, no olhar forte dos jovens, no olhar esperançoso dos adultos, no olhar nostálgico dos mais velhos. 

Encontrei a felicidade na verdade do encontro, na troca de energias, no olhar brilhante de meu companheiro. Encontrei a felicidade no estar junto, no estar PERTO, no querer junto. E muito.

Encontrei a felicidade Naquele Abraço bem apertado, vivo, enérgico, e totalmente grátis.

Encontrei a felicidade no Amor distribuído, desapegadamente.

Encontrei a felicidade em corredores sombrios, salas iluminadas, praças movimentadas ou em ladeiras arborizadas. Encontrei a felicidade em noites felizes num bairro pitoresco. 

Encontrei a felicidade ao viver inúmeras aventuras, dignas de Odisseu, com uma Guerreira, outra Altina, e, pra começar, certa Bolonhesa. 

Encontrei a felicidade na ponta do meu nariz vermelho, nessa energia 300% que parecem bolinhas em ebulição dentro de mim; nessa vontade de ser e de fazer feliz.

Sim, fui feliz. E assim voei, leve. Na alma." 


Bolota Tonelada


Rafael Victor

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Utopia infantil.

Não queria crescer. Sentia medo dos adultos. E num devaneio insano, desejou intensamente não mais crescer. E nunca mais cresceu. Assim, pode ir pros mundos encantados de suas histórias favoritas, cheias de magia e diversão. Até que lhe deram um susto e ele acordou sobressaltado. Acordou no selvagem mundo dos adultos. E chorou.

Rafael Victor

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Angústias.

Insônia.

Olhos Secos.

Olhos Vermelhos.

Boca Seca.

Olhos Saltados. Em pleno escuro.

Mãos, violentas, arrancam fios do cabelo.

Trêmulas, incapazes.

As pregas vocais rangem, numa louca tentativa de soltar uma nota altíssima, o mais desafinado possível.

Tudo em busca de um desabafo. Algo que venha aliviar a dor no seu peito, a estafa em seu cérebro.

Palpitações. 

Silêncio...

Gritar resolve?

Decide chorar.

Olhos secos, não permitem. 

Ira. 

E aqueles pensamentos que o angustiam não param de invadir sua mente.

Dúvidas. Questionamentos. E, até, possibilidades. Tudo irritando seus neurônios e suas supra-renais.

Palpitação. Pupilas dilatadas. Escuro, ineficaz na arte de esconder as coisas. Muito menos, pensamentos.

Dormir. Pra esquecer.

Insônia. 

Preso, num quarto. Preso, num corpo. Preso, no próprio cérebro.

Quer se libertar. Quer voar. Deseja loucamente qualquer coisa similar.

Ou, pelo menos, entender.


Rafael Victor

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Caminhos Cruzados

Era uma história de dois jovens. Um garoto e uma garota. Ele, coração ferido, sarando ainda do último golpe que o famigerado amor havia desferido contra seu peito. Ela, inocente, jovem desbravadora dos caminhos sinuosos do coração,esperava ansiosamente pelo dia que aquele mesmo famigerado amor bateria em sua porta. Ou quando ela tropeçasse e caísse em cima dele.

Não se sabe bem ao certo como os caminhos dos dois jovens vieram a se cruzar. Mas o destino, com seu estilo todo misterioso de trabalhar, se encarregou de unir os dois caminhos num só. E nessa peripécia, eles se conheceram e a afinidade foi mais que evidente. Estavam encantados, um com o outro. Seus olhares só tinham brilho quando estavam próximos e parecia que havia uma concentração maior de adrenalina em seu acelerado sangue.

Mas havia uma certa diferença naquele até então estranho sentimento que parecia surgir concomitantemente no coração daqueles jovens. Tantas conversas, tantos risos, tantos abraços... ah, os abraços; Não havia melhor lugar no mundo para aqueles dois que nos abraços que se entrelaçavam. E o que fazia diferenciar a forma que se atraíam era a enganadora dos sentimentos mais nobres: a dúvida. Ela, inexperiente nos papos de coração, não sabia o que sentia de fato por aquele garoto. "Será amor, será paixão? Mas nós somos bons amigos! Será que...". E ele tinha dúvidas se queria realmente sentir aquilo. Ou aquele (amor). Ao contrário de nossa heroína, ele já era mais experiente nos papos de coração, e como já havia sofrido muito queria se endurecer para nunca mais sentir algo parecido. Ou pelo menos por um bom tempo. No entanto ele não era tão experiente a ponto de saber que esse tipo de coisa não está no nosso querer. Talvez seja mais uma peripécia do Sr. Destino...

Mas a garota era muito perspicaz. Enquanto ele provavelmente tentava esquecer os efeitos de sua última dor aproveitando uma amizade que fingia não ver os promissores potenciais, ela buscava se informar, descobrir, averiguar, diagnosticar o que de fato estava sentindo. E ela descobriu! Ou pelo menos acha que descobriu. Descobriu sim; o pelo menos é por simples zelo dela. Sua descoberta, ela a guardou em segredo. Só as personalidades mais próximas que teriam o merecimento de saber.

Não! Ela não aguentava mais aquela situação! Aqueles segredos, aquele sentimento todo que parecia prestes a explodir e esborrar pelos seus olhos, bocas, ouvidos... "E ele... Ele com seus olhos brilhantes e sorrisos inebriantes, sempre tão forte; tão perto e tão distante... Será que... será que ele sente o mesmo? Será possível que ele consegue esconder com tanta maestria?" Enrubescia à mera citação de seu nome, virava-se ansiosa ao simples pensar que havia escutado a voz dele. E nessa euforia um tanto adolescente, seu coração mostrava sua jovialidade ao não parar quando lhe chegava o estímulo visual daquele rosto, daquele garoto.

E ele? É lógico que ele sentia o mesmo. Mas não é necessária a redundância para se explicar porque disfarçava. Sim, ele queria pular, voar, gritar e até cantar! Queria gargalhar depois de beijar aquela que poderia se tornar a mulher de sua vida. Mas, além de dúvida, tinha medo.

Ela decidiu mudar tudo. Tinha que arriscar. Tinha que falar. Não importa se seu rosto incendiasse quando ela o fizesse. Ela conseguiria reverter aquela situação, que de tão torturante poderia ser mágica! Ensaiou em frente ao espelho. Ensaiou algumas piadas também, para quebrar a tensão, porque eles faziam muito isso juntos, riam. Mas acabou tudo num pedaço de papel. Afinal ela sempre fora melhor com a caneta que com as cordas vocais. Esperaria o momento certo para lhe entregar a carta. Ou então faria o momento. Deixaria mais uma vez nas mãos do Sr. Destino.

O momento chegou e ela nem se deu conta. Estavam mais uma vez juntos, numa tarde de quarta-feira, conversando naquele banco que costumavam sentar e conversar por horas, enquanto o sol e a brisa circulavam seus corpos. Os distantes sons de suas risadas ainda ecoavam em suas cabeças quando silenciaram e ficaram simplesmente a se olhar. Olho no olho, bem assim. Ela, inebriada com aquele brilho. Ele, tentando decifrar o óbvio e mergulhar em sua alma. Até que o momento surgiu. Ah, o Destino.

Ele que havia tomado a iniciativa. Perguntou. Sim, era sobre sentimentos. Ela, incapaz de esconder a verdade, desviou o olhar e, com as faces rubras e febris, admitiu. Rapidamente pegou o papel todo escrito em sua mochila bagunçada e estendeu para ele, com os olhos no chão. Ele leu, e sorriu. Ela levantou o olhar, esperançosa. Ele sorriu de novo, iluminando o rosto dela. Declarou sua percepção a verdade. Estava muito satisfeito internamente. Havia descoberto a verdade que tanto queria e não disse a verdade sobre si mesmo. Apenas sorriu, transparecendo sua satisfação. Mas a garota, ansiosa, não percebeu isso. Ou então percebeu sim, pela maneira serelepe e saltitante que regressou ao seu lar depois que se despediu do garoto.

O que aconteceu naquela tarde ainda é um mistério. O encontro real de dois corações se deu ali, com aquela pergunta, aquela carta, aqueles sorrisos. Descoberta, satisfação e paixão, são apenas alguns sentimentos que inundaram aquele banco, aquela tarde. Se se abraçaram, se se beijaram, ou se ficaram ali, apenas olhando nos olhos e sorrindo, não importa. O que importa é que os caminhos dos dois estão entrelaçados. A garota, muito mais feliz e menos ansiosa; vive a se emocionar por uma flor que vê nas estradas ou rir de uma rajada de vento mais forte que assanha seus cabelos. O garoto, ainda mais confiante, decide deixar que os fatos se desenrolem naturalmente, mas disso o Sr. Destino se encarrega prontamente. Já experimentam o amor a felicidade incondicional que ele pode trazer. Mas eles querem experimentar ainda mais, juntos. E quem não iria querer?

'Baseado em Fatos Reais'

Rafael Victor


Dedico à senhorita D.Q., que talvez tenha vivido ou viverá uma história vagamente parecida com essa.