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domingo, 7 de agosto de 2011

O Branco - Parte 2


Certo dia, decidi pegar um papel e uma caneta e começar a escrever. E minha mão, como se tivesse vida própria, começou a colocar naquele branco, toda a confusão de cores e idéias que há muito recheavam minha pobre mente perturbada. E de repente lia coisas que até eu mesmo duvidava de que tinha sido eu que as tinha escrito. E lá, naquele caderno, estavam estampados amores, alegrias, sorrisos, tristezas, lágrimas, saudades... E talvez ver tudo o que estava guardado aqui dentro de minha cabeça me fizesse algum bem, como um filme que revemos e nos lembramos de todos os detalhes mais impressionantes. E assim foi. Eu escrevia como se a tinta da caneta jamais fosse acabar, nem a tal inspiração também não fosse. Pobre engano meu.
Num outro certo dia, seguindo minha rotina, sentei, puxei o papel e peguei a caneta, minha companheira... E nada saiu. Minha mão ansiava por escrever mas minha mente não conseguia expressar. Pensamentos, ela estava cheia. Idéias, mil. Mas escrever, não conseguia. Dúvidas, preocupações, desesperos, doenças, tudo isso atacava minha cabeça e nada conseguia sair. Até minha alma desejava esse desabafo gráfico, e nada poderia me consolar. E assim, passaram-se horas, dias, semanas, meses... E eu ainda não conseguia escrever, desabafar, e tudo aquilo perfurando meu fraco cérebro. E depois de o tempo fluir insanamente, eu me deparo com ela, a minha caneta, e como mágica, minha mente destrava, e minha mão consegue escrever, e aqui estou eu, saindo do branco...


Rafael Victor