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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Lágrimas

Quando pequeno eu era, facilmente conseguia chorar, lavar minha alma ainda tão infante e que já sentia o peso da pressão de estar vivo.

No entanto, o tempo passou, e aprendi que chorar nem sempre resolve as coisas e que já estava muito crescido para soltar lágrimas em qualquer canto de qualquer recinto. Suprimi sofrimentos, segurei lágrimas, escondi choros por trás de sorrisos. E eu achei que era forte.

Mas aí tudo aconteceu ao mesmo tempo, ao meu redor. E eu me senti cercado e perdido sem saber o que fazer, então chorei, chorei de dúvida, de conflito, de sofrimento. Mas as lágrimas secaram sozinhas, e a gente descobre que temos que chorar, mas também temos que aprender a parar de chorar, a esquecer, mesmo que isso possa parecer impossível.  

E eu sobrevivi. E parei de chorar. Mas aí veio você, em minha cabeça, atiçar aquela saudade que trago acesa dentro do meu coração há tanto tempo, tanto tempo quanto o tempo que estamos distantes... e doeu, a saudade doeu muito, e o inevitável logo aconteceu: uma lágrima brotou de minhas pequenas glândulas lacrimais, e atrás dessa vieram mais algumas dezenas, todas tentando lavar a saudade entranhada no meu peito junto com o amor que eu sinto por você. 

Mais uma vez as lágrimas secaram, e tentei, novamente, me esconder atrás de uma fortaleza, me fazer de pedra, me sentir forte.

E, como num sonho, você veio rapidamente e, também rapidamente, foi embora, me deixando sozinho, com a saudade, que deveria estar mais aliviada, muito mais inchada e dolorida dentro do coração.

Naquele momento, eu não aguentei mais. Tantas coisas me atingiam, e eu não aguentei mas me manter forte,   e desmoronei num choro desesperado como aquela pequena criança que um dia eu fora. E as lágrimas estão difíceis de secar...


Rafael Victor

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