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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Entre o amor e a amizade 2

Tudo começou em um minuto. Diria mais, um segundo. A afinidade era evidente. Sim, nasceu a amizade. Abraços, beijinhos, conversas, confidências, desabafos, apoios. Sim, eram grandes amigos, mesmo que o resto da sociedade não aceitasse amizades verdadeiras entre homens e mulheres. O preconceito aumentou ainda mais depois que todos souberam que ela namorava. Mas para ele isso pouco importava, seu coração estava vazio para o amor; ele queria mais era ser feliz com seus amigos. Com o tempo, a amizade só aumentava e os boatos pioravam. Aconteceu algo muito diferente, um encontro de lábios, um beijo. Isso só confudiu a cabeça do garoto, que não estava preparado pra nada daquilo. E aconteceu de novo. "Não, o que os outros vão falar, e o seu namorado? Não, não quero isso! Não quero te fazer sofrer! Não quero ser motivo pra você sofrer!", conversou o garoto, "Amizade, é tudo!". E, por mais incrível que pareça, a garota compreendeu e a amizade não mudou em nada. Mas já era tarde demais. O garoto, que dera fim a toda aquela fantasia, a toda aquela aventura, estava totalmente arrependido. Ele se apaixonara, estava perdido em amores por sua amiga. E agora, nada mais poderia fazer, pois tinha medo de perder a amizade dela. Tudo normalizou, e o garoto decidiu esquecer os problemas... pena que tenha furado tão pouco tempo essa paz. Os boatos e as provocações voltaram, muito mais fortes; o garoto cada dia ficava mais envergonhado enquanto indiretamente declarava seu amor a sua amiga. Cada encontro era maravilhoso; para o garoto não existia alegria maior que passar horas conversando com aquela garota linda, inteligente, compreensiva. Ela se preocupava, escutava, era carinhosa com ele. Mas até que um dia...

Um dia foi derradeiro. O garoto, como de costume, foi se encontrar com a garota, sem se importar com os comentários que faziam. Ela mal falou com ele e mal correspondeu ao seu abraço. Foi se esquivando e ele foi seguindo ela por toda parte. E isso se repitiu por vários dias consecutivos. O garoto não aguentava mais ser ignorado.
"Ei, por que isso?"
"Não sei do que você está falando."
"Você sabe! Por que está fazendo isso comigo?"
"Isso é coisa da sua cabeça!"
"..."
"Tá bom, meu namorado é muito ciumento, e as pessoas falam muito."
"Mas somos só amigos!"
"Você acha que ele vai entender?"
"Você ama o muito, não é?"
"Sim."
"Essa é a hora que eu vou embora?"
"Por favor."
"Ok."

O garoto virou as costas pra ela e foi, os lábios tremendo, segurando as lágrimas que teimavam em saltar de seus olhos. Ele, que acreditou na seriedade da garota, agora estava decepcionado ao ver que ela dava muito mais valor ao que os outros falavam ao invés de confiar nos sentimentos dele, no cárater dele. Mas agora acabou... o que antes fora amizade, agora era só coleguismo. Ele ainda a via, de longe. Algumas vezes, tentava se aproximar, voltar ao passado, e, em um segundo, assim como no começo, tudo acaba... e o garoto fica só, mais uma vez...





Rafael Victor

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